Para refletir - Elisa Fatima Stradiotto
23/11/2012 21:33
Para refletir
Elisa Fatima Stradiotto
NOITE INSÓLITA NO MORRO DOS CONVENTOS
A beleza do mar irradiava ritmo e harmonia,
Contraste revelado ao amanhecer do dia,
Pois na liberdade vivida por todos era uma ilusão,
Inspirava compaixão pela depredação local e também pessoal,
Por uma energia perdida com uma rebeldia sem causa,
Onde a folia mascarava uma alegria,
E ao surgir um novo dia o que se via eram as garrafas vazias.
NOITES PERDIDAS
A garrafa de plástico estava lá,
Prova viva com duração de muitos anos,
Na próxima sexta poderão aparecer outras,
Porque o mundo dos vivos não para.
VOCÊ é um ser inteligente?
Diga pra gente,
O lixo conta a história de cada um ou de todos neste momento histórico.
Quem são vocês?
LIXO NO MORRO DOS CONVENTOS
O encontro no campo foi o lugar combinado,
Para começar o mutirão limpando o lixo jogado,
Foi escolhido este dia por ser um feriado,
As garrafas espalhadas com seus rótulos colados,
Demonstravam a noite vivida de jovens embriagados,
Juntando o lixo e refletindo pensando no acontecido,
Julgava a cada um em um tempo adormecido,
Pois na escuridão gritavam entorpecidos com uma educação decadente,
Promovida constantemente,
Por um sistema caótico e destrutivo,
Ficando nossos jovens totalmente desprotegidos.
LIXO!
Quantas coisas tu nos diz!
Das camisinhas usadas,
Da bebida ingerida,
Das drogas utilizadas,
Das famílias desesperadas,
Da saúde decadente,
Do jovem velho doente,
Da geração mal educada,
Bem pouco encaminhada,
Tendo leis aprovadas,
Mas nada executadas.
O LIXO ESTAVA LÁ
Os pássaros voavam tranquilos,
O mar com sua espuma branca beijava a areia da praia,
Muitas vezes empurrando os intrusos de suas águas,
Fazendo uma limpeza e nutrindo os organismos vivos,
Que nutrem o homem e os animais,
Coletando-os para sua sobrevivência,
Viver mais é preciso.
NO LIXO: RECICLA-SE...
As garrafas todas quebradas,
Quando as juntei reclamavam,
Não queremos os pés das crianças ferir,
Queremos ser recicladas,
Para ser transformadas,
Carregarmos água limpa com muita oxigenação,
Caindo nas mãos de homens que preservam a nação,
Retornando às praias limpas onde fazem mutirão,
Levando seu lixo embora depois da diversão.
GARRAFAS NOS FALAM...
Ficando a mercê espalhadas por todos os cantos,
Muitas estraçalhadas,
Dizendo eu não sou má,
Sou um recipiente que abriga o que o homem necessita,
Quando o capital cria um arsenal que favorece a violência,
E o que é mais doentio é que sirvo à adolescência,
Porque tudo é descartável,
A morte é apressada e a vida não significa nada.
CAMISINHAS
Camisinhas falaram que protegem indivíduos,
Mas ficam tristes pelo esperma perdido,
Pois esta energia vital é lançada pelo homem animal que reclama,
Por um espaço laboratorial,
Onde o corpo sem consciência não pensa,
É descartável,
O sentimento não rola,
Não tem história,
É um gemido ao Léo,
Depois um vazio,
Como uma folha seca a deslizar nas águas de um rio,
Indo para o mar,
Sem saber parar ou o que buscar.
A GARRAFA DE ÁLCOOL FALOU...
O meu conteúdo é muito sacana,
Ele engana,
Ele diz não cresça,
Viva a fantasia,
Minta por muitos dias,
Foge da vida,
Enlouqueça,
Te esqueça,
Doe para mim o teu fígado,
É onde eu gosto de ficar,
É no laboratório químico,
Porque eu te transformo,
Tu sai da real,
Eu te enfureço,
Te enlouqueço,
Te crio,
Tropeço,
Te causo acidente,
Te envelheço,
Te adormeço,
Pode ser por muito tempo até que a morte nos separe,
Nos atrapalhe e você descanse em paz,
Amém,
Este foi para o além.
TAMPINHAS DAS GARRAFAS
Estas estavam um pouco escondidas pelo vento que soprava,
Cobrindo-as com uma leve camada de areia,
Refletindo eram como seres da sociedade,
Que fecham muitas bocas,
Pressionando-as e se escondendo sorrateiramente,
Como uma boca sem dente,
Que faz o movimento sem trituração,
Apertando os gargalos sem que o grito do inocente,
Una-se com o irmão.
Ele é o fantasma da noite,
Não tem corpo nem endereço,
É o homem do dinheiro lavado,
Financia o conteúdo em grande quantidade,
Subitamente mata o inocente sem piedade.
CANUDOS DE PLÁSTICOS
Servem para evitar a contaminação;
Reclamaram e disseram que vão parar no chão,
Que é uma contradição,
Povo que bebe sem saber “O QUE”?,
Não sabe o grau de tanta safadeza,
Tudo é gostoso,
É uma beleza.
E canudos dizem ser insignificantes,
São uma ponte entre a boca que chupa e a outra que sede,
O homem é tão ignorante,
Que não mede o mal que isto faz,
Depois corre atrás da saúde,
Não tem atitude,
Não é cidadão porque se torna um lixo,
Do seu próprio lixo,
É o lixão deixando tudo cair no chão,
Pense meu irmão,
Cada vez que morre um ser humano,
Morre um pouco de nós.
Somos uma espécie,
Vive feliz quem merece,
Entendendo que a comum-unidade.
É a realidade da liberdade,
Tornando-se autoridade no que acredita e faz,
É uma consciência latente,
Esclarecendo muita gente,
Que o que se torna lixo hoje ainda é o inocente.
ECOSSISTEMA
Dou uma pausa na escrita afirmando,
O ecossistema é um espaço de muitas vidas agregados,
Com funções para manter o equilíbrio,
Incluindo o diferente,
Que faz o seu trabalho pra gente,
Quem não reconhecer este sistema vivo,
Não vale apena viver,
Pois reconhecer a natureza,
É reconhecer a si próprio,
Ter certeza que você é uma extensão dela mesma,
Cheia de surpresa,
Com beleza,
Faz o movimento total,
Muitas vezes é o caos,
Para comunicar que você também me faz mal.
Tudo é tirado de mim,
Sem controle,
Eu lamento,
Eu me esgoto como um adolescente correndo de moto,
Pois na fúria que eu me transformo,
Eu varro,
Eu destruo,
Eu molho,
Levo tudo pela frente,
E o homem não escapa à fúria,
Que se concretiza,
Depois vem a paz,
Vem a brisa.
A SOLIDÃO DAS LEIS
Escolhemos os políticos,
Outras autoridades são concursadas,
O povo paga os impostos,
Espera a retribuição,
A democracia é um faz de conta,
Não temos nada na mão,
Tudo tem que ser reivindicado com advogado do lado,
As leis são interpretadas,
Muitas vezes são uma charada,
Os homens da lei são pagos,
Às vezes muitos mil para enganar a sociedade civil.
Elisa Fatima Stradiotto